Sentada na minha cama, pus-me a olhar a minha volta, e reparei que
no meu mundo tinha tudo para eu ser feliz, tinha uma vida, um sonho, uma
família, amigos e um grande amor, mas talvez tudo aquilo que tivesse
fosse demasiado pequeno para mim, demasiado pequeno para um ser que
queria ser maior que a sua própria sombra, aquele quarto era o meu
mundo, fechado a sete chaves, e entre quatro paredes, onde só entrava
quem eu quisesse que entra-se tinha tudo mas não tinha nada. Por vezes
quando sorria, a minha vida parecia completa, mas não estava, faltava-me
algo, mas não sabia bem o que, poderia ser tudo, ou ate nada, esta
falta poderia ser apenas um delírio da minha cabeça, delírio esse que me
custava a felicidade, sim esse era o preço a pagar por um
delírio...pensei que talvez este delírio fosse passar, e que alguns
segundos depois já nem me iria lembrar desse delírio de alguém loco, mas
não passou, afinal o delírio parecia querer pairar sobre o meu mundo,
sim o meu mundo, aquele quarto, gelado e negro, que teimava em não me
deixar sorrir, aquela cama, pequena e defeituosa que teimava em fazer-me
sonhar, será que estava loca? Ou será que isto era apenas um sonho, que
logo, logo quando acorda-se iria passar? Não sabia o que era, nem o
podia imaginar, pois aquela criança, não conseguia encontrar loucura na
razão. Seria mesmo loucura? Não, não era loucura, nem era um sonho, era
apenas a realidade de uma vida, na verdade faltava mesmo algo, mas nada
daquilo que pudesse pensar, faltava algo inesperado, para ser feliz
faltava-me ser livre, Sim ser livre, libertar-se daquele quarto daquela
cama, daquele mundo imaginário, de todas as razões que não me deixavam
ser livre, quanto a loucura, não posso dizer que não sou loca, pois a
quem diga que para ser viver tem de ser loco, então nesse caso eu quero
ser muito loca, pois só uma loca como eu, quer viver eternamente neste
caótico mundo, cheio de injustiças, e guerra, mas e neste mundo que eu
quero permanecer...
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