sábado, 25 de fevereiro de 2012

- Achas que é tarde?
- Tarde como? Horas?
- Não, tarde de tempo, tarde de distância, tarde de frio.
- Porquê?
- Achas que ainda posso correr, e pôr-lhe nas mãos o “amo-te”?
- Não posso julgar saber a força desse “amo-te”, por isso não te sei dizer.
- Importaste se eu correr? Se tentar alcançá-lo? Importaste que eu ponha a prova a força do “amo-te”?
- E tens força para isso? E os vidros? E as pedras? E a tua pele, que vai ficar ferida, e suja e negra?
- O que importa isso?.. Nada disso me importa, se eu sei que me vai doer muito mais ver as costas dele, viradas. Longe, lá longe como uma formiga vista dos meus 1,58m. O que importa isso, ou a doença da esperança, a dor das feridas, da sujidade e da escuridão, se eu sei, se eu tenho a certeza que se ele for, sem nada meu, sem pelo menos esse “amo-te” que no meio de tanto que lhe dei, era só o que lhe queria dar, eu vou morrer, novamente?
Não importa. Só importa que ele sinta esse “amo-te” nas mãos. Que saiba apenas que ele existe, se para nada mais o quiser… 

- Então vai. Vai agora, corre. Não tenhas medo.


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